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Prevenção - Quinta-feira, 08 de Março de 2018

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Choque Elétrico x Morte

Abracopel aponta que as mortes no País aumentaram em 15% em 2017 se comparado ao ano passado.


Choque Elétrico x Morte

 

“Estou viva. Sofri muito e aquele choque elétrico ficou em minha memória. Cheguei a ter pesadelos. Hoje, posso dizer que ainda tenho receio com qualquer equipamento que envolva energia elétrica, mas posso dizer que superei e alerto as pessoas sobre os perigos que podem existir”. Este é o depoimento emocionante de uma mulher de 31 anos que mora em Itapetininga, no interior de São Paulo, que prefere manter em sigilo sua identificação.

 

O acidente foi quando ela tinha 11 anos. Era criança. Mas se recorda perfeitamente daquele dia trágico. Um dia que sobreviveu graças a ajuda da mãe que ouviu seus gritos e prontamente correu ao encontro da filha. O instinto materno falou mais alto.

A menina tinha saído do banho e ao entrar no quarto quis desligar o fio da tomada do aparelho de som que estava ligado. Inocente, não percebeu que o corpo molhado com uma ligação clandestina pudesse levá-la quase à morte. Os irmãos mais velhos tinham instalado de forma inadequada o fio do aparelho em um “t” que ligava num transformador. “Estranhei os gritos da minha filha e corri. Ao vê-la grudada na tomada, não pensei duas vezes e retirei o “t” do transformador. A minha menina desmaiou e não tinha reação alguma. Naquela época, não tínhamos carro. Levamos nossa filha de bicicleta ao hospital”, contou com lágrimas nos olhos.  

 

Foram dias e dias internada. Cirurgia. Enxerto. E muita vontade de viver. A menina aguentou firme e venceu. “Hoje, passados 20 anos, aquele trauma passou. Ficaram as marcas e perdi a sensibilidade de algumas partes da mão esquerda. Ainda tenho um pouco de medo de tomadas. Chego a chamar meu marido para ligar a tomada do ferro de passar roupa às vezes”, enfatizou.

 

Aquela menina, que hoje também é mãe, alerta sobre os perigos da eletricidade para a filha de 6 anos que estuda no 1º ano do Ensino Fundamental. “Conto o que passei e mostro as marcas do meu sofrimento. Oriento minha filha a ter todo o cuidado com qualquer equipamento que envolva energia elétrica e tenho a certeza, que andamos juntas nesse trabalho de consciência”, finalizou.

 

 

Estatísticas Nacionais - Abracopel

O mais novo levantamento apresentado neste começo de ano no Anuário Estatístico de Acidentes de Origem Elétrica pela Abracopel – Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade, aponta que apesar dos incansáveis trabalhos de orientação e prevenção, os números de acidentes no Brasil aumentaram. Em 2017, foram 1387 acidentes com 702 mortes, sendo que em 2016, foram registradas 1319 com 599 mortes. Os dados ainda mostram que em 2015, foram 1248 acidentes. Em 2014, 1223 e em 2013, 1038.

“Infelizmente, ano a ano, temos visto o aumento dos números totais de acidentes de origem elétrica. Um aumento de 33,6% entre 2013 e 2017 parece e é assustador e alarmante, mas temos plena consciência que estes dados poderiam ser maiores, caso o trabalho da Abracopel não estivesse sendo realizado”, destacou o diretor executivo e engenheiro elétrico da Associação, Edson Martinho.

O balanço do Anuário mostra que no ano passado, dos 1387 acidentes:

- 627 pessoas morreram por choque elétrico e outras 224 não foram fatais

- 30 pessoas morreram por curto-circuitos e 451 não fatais

- 45 pessoas foram morreram por descargas atmosféricas e 79 não fatais

O Nordeste lidera com 46% dos acidentes fatais (287 mortes). O Sudeste aparece em segundo lugar, com 20% (125 mortes). Depois, vem o Sul com 16% (98 mortes), Centro-Oeste com 10% (65 mortes) e por último, o Norte com 8% (52 mortes).

O diretor Executivo e engenheiro, Edson Martinho, comentou que a região nordeste continua sendo a região com o maior número de acidentes, apesar de não ser a região com a maior população. “O desconhecimento dos riscos que a eletricidade oferece é um dos grandes fatores para estes números, mas podemos afirmar que o descaso com eletricidade se configura como o maior vilão. Como a fiscalização é pequena e a renda também, acabam por não contratar profissionais qualificados para a realização de uma instalação elétrica, o que acarreta em instalações de baixa qualidade e inseguras, culminado nestes acidentes”, disse.

 

Orientação de Profissional

Em qualquer situação que necessite de um reparo que envolva energia elétrica, é necessário que a pessoa chame imediatamente um profissional capacitado e não tente resolver sozinho. Isso pode causar acidente e até morte. De acordo com o secretário de Obras e Serviços de Itapetininga, boa parte de choques, curtos-circuitos e incêndios são causados devido a alterações e adaptações inadequadas.

“Um profissional irá identificar se há aquecimento dos interruptores e tomadas, ou se há aumento na temperatura dos fios dos aparelhos, lâmpadas ou qualquer outro equipamento que deixam de funcionar e depois voltam, disjuntores que desarmam ou até fusíveis que queimam. Para quem está lendo esta reportagem, vale a recomendação. Chame uma pessoa capacitada”, disse.

 

 

Rede Aérea e Ambientes Residenciais

Relembrando o caso da nossa personagem citada acima na reportagem, que se envolveu em um choque elétrico na casa onde morava com a mãe, apesar dos anos se passarem, serve como exemplo para os dados apresentados no Anuário deste ano da Abracopel. O número de acidentes em ambientes residenciais aumentou se comparado a rede aérea. Foram 218 morres por choques elétricos. Na rede aérea, foram 181. De acordo com o estudo, os jovens adultos são os que mais de acidentam com eletricidade. 50% dos acidentes aconteceram com jovens entre 21 e 40 anos. A falta de informação e o desconhecimento dos riscos faz com que estas pessoas se arrisquem e sofram o acidente, muitas vezes falta.

 

 

Fazendo reparos em casa

Evite o uso de benjamins e não ligue vários aparelhos na mesma tomada.

Também nunca ligue diretamente um fio sem a flecha nos plugues da tomada e nunca desligue aparelhos puxando-os pelo fio. Além disso, coloque protetores nas tomadas para prevenir choques em crianças.

Se for trocar apenas uma lâmpada, desligue disjuntores e a chave geral.

Não toque em fios sem saber se estão ligados à rede elétrica, muito menos se estiverem desencapados.

Nunca troque disjuntores por outros de maior capacidade para evitar quedas.

 

Aparelhos eletrônicos

Siga sempre o manual de instruções de seus aparelhos eletrônicos e aterre os equipamentos de maior potência, como geladeira, forno micro-ondas e ar condicionado. Nunca coloque qualquer aparelho elétrico ao alcance de quem estiver imerso em uma banheira, piscina ou tomando banho. Da mesma forma, mantenha os equipamentos longe de pias, banheiras, superfícies molhadas e locais úmidos.

 

Choque no chuveiro

Ao tocarmos na torneira, estando em contato direto com o chão, uma corrente elétrica é conduzida por meio do nosso corpo para o piso. Para evitar esses choques indevidos, os aparelhos elétricos devem ser ligados a um fio terra. Este fio, pelo fato de ser melhor condutor que o corpo, conduz corrente elétrica para a terra.

 

Saiba interpretar os sinais

O secretário de Obras e Serviços de Itapetininga ainda orienta que a pessoa deve estar atenta na residência com relação as luzes piscando quando dois equipamentos, como chuveiro e secador de cabelo, por exemplo, são ligados ao mesmo tempo. Sinal de que há problema na instalação elétrica.

Outra atenção é quando leva um pequeno choque ao tocar no registro do chuveiro ou na porta da geladeira. Indicador de que o aterramento da casa está com problemas. Cheiro de fumaça e de cabo derretendo então, chame imediatamente ajuda de um profissional e em caso de incêndio, o Corpo de Bombeiros, pelo telefone 193.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) exige que a espessura mínima do fio de instalações elétricas internas seja de 1,5 mm2. Um eletricista qualificado pode verificar se a espessura está correta e trocar os fios, caso seja necessário. Respeitar a espessura mínima exigida pela ABNT é importante para que a instalação possa suportar a corrente consumida pelas lâmpadas e aparelhos. Se a fiação apresentar espessura diferente da necessária, pode causar problemas como o superaquecimento dos fios, que desperdiça energia e cria condições para acidentes.

 

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