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“Gambiarras” com fios de energia elétrica podem matar

Curto-circuito foi a causa do incêndio em prédio que desabou em São Paulo


“Gambiarras” com fios de energia elétrica podem matar

Você já deve ter ouvido falar em gambiarra. De acordo com o significado do dicionário, vem de origem obsoleta. É uma solução improvisada para resolver ou remediar uma situação de emergência. Extensão ilegal com o propósito de captar energia elétrica ou os chamados “gatos”.

 

Seo José Antônio, de 67 anos, conhece bem essa palavra. O senhor de cabelos brancos, morador da Vila Prado, em Itapetininga, não esconde o quanto já viu, presenciou e orientou as pessoas para que isso não ocorra na realidade. Humilde, José Antônio cresceu numa família simples, mas com uma vontade sem limite de se formar no curso de Engenharia Elétrica. Queria e conseguiu o objetivo de se tornar um engenheiro. “Desde pequeno, batalhei para conseguir o meu sonho. Até hoje, faço serviços elétricos com a maior segurança e levo a consciência por onde vou”.  

 

O exemplo desse senhor deveria ser seguido por todos. As conhecidas “gambiarras” podem gerar perigo e morte. De acordo com a Abracopel – Associação Brasileira de Conscientização sobre os Perigos da Eletricidade, no que se refere especificamente aos incêndios gerados por curtos circuitos, os dados mostram que nos últimos cinco anos de levantamento, os números só cresceram. “Se em 2013 tínhamos um total de 200 incêndios, em 2014 o número subiu para 295 e, nos anos seguintes o cenário ficou ainda pior: em 2015 foram 441, em 2016 foram 448 e em 2017 subiram para 451. As mortes, infelizmente, também apresentaram um aumento, porém nos últimos 3 anos de levantamento tem se mantido com números muito próximos: 2015: 33, 2016: 33 e 2017: 30 mortes”, explicou o diretor executivo da Abracopel, engenheiro Edson Martinho.

 

Ainda segundo a Associação, quando segmenta por região, os dados mostram que o Sudeste e o Nordeste emparelharam os números em um empate com 114 ocorrências de incêndios. Interessante observar que no número de mortes, quem se destaca – e muito, é a Região Sul com 11 mortes, a região figura em 3º lugar no número de incêndios.

 

E QUAIS SÃO AS CAUSAS?

As causas dos incêndios gerados por eletricidade são, em quase 100% dos casos, devido às instalações elétricas antigas, excesso de equipamentos plugados em uma mesma saída de energia (tomada), gambiarras e falta de manutenção.

Segundo o engenheiro João Cunha, integrante do Conselho Consultivo da Abracopel, a sobrecarga ocorre principalmente por dois motivos: ou o mau dimensionamento do disjuntor ou do cabo (fio), o disjuntor e o cabo devem estar coordenados e quando isso não ocorre, o cabo pode entrar em sobrecarga e o disjuntor não desligar. Outra causa é a troca do disjuntor - porque está desligando com frequência - por um disjuntor “mais forte” e aí ele fica descoordenado com o cabo. A NBR 5410 determina a colocação de um aviso no quadro de distribuição determinando que a troca de um disjuntor pode levar à troca do cabo. Esta descoordenação é a causa mais frequente de incêndios.

 

 

A Abracopel aconselha uma revisão nas instalações elétricas residenciais a cada 5 anos, no mínimo, sempre feita por um profissional capacitado. Outra dica da entidade é nunca sobrecarregar benjamins (T’s), ou mesmo extensões, com vários equipamentos em uma mesma tomada. Esta prática, comum na maioria das casas, causa sobrecarga, aquecimento dos fios, curto circuito e a evolução é o incêndio.

 

Curto-circuito foi a causa do incêndio em prédio que desabou em São Paulo

 

As imagens do edifício “Wilton Paes de Almeida” de 24 andares desabando depois de pegar fogo em São Paulo chocaram o País. No local existia uma ocupação irregular. Moradores afirmam que o fogo começou no 5º andar do prédio e se espalhou rapidamente pela estrutura. Resultado: mortes, famílias que perderam tudo, ajuda e comoção. Causa do acidente: curto-circuito.

 

A afirmação foi do secretário de Segurança Pública de São Paulo, Mágino Alves. "Ele começou em decorrência de um curto-circuito", anunciou à imprensa. Segundo relatos de moradores, foi em um cômodo onde estavam quatro pessoas: marido, mulher e duas filhas. Em depoimento, uma das vítimas relatou que o fogo começou na tomada onde estavam ligados três aparelhos eletroeletrônicos: micro-ondas, geladeira e TV.

 

 

Fotos: Paulo Pinto/FotosPublicas

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