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Prevenção - Segunda-feira, 22 de Janeiro de 2018

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Brinque com pipa, mas tenha cuidado

Brinque com pipa, mas tenha cuidado


Brinque com pipa, mas tenha cuidado

Olhinhos colados ao céu, ou melhor, ao poste de energia elétrica. A orientação passada pelo Guarda Civil Municipal serviu de lição de casa para que Gabriel de 8 anos pudesse brincar com segurança nestas férias escolares. O menino confeccionou a própria pipa e permaneceu atento aos cuidados com relação ao não uso de material cortante e, principalmente, onde soltar o brinquedo.

“Gabriel, perto de um poste de energia elétrica nem pensar! Ali passa energia de alta tensão e pode matar”, disse o guarda municipal. O menino aprendeu a lição e não vai esquecer. Esse é um trabalho constante realizado pela Guarda Municipal no período de férias escolares e também durante as palestras que são feitas para os alunos de Itapetininga, cidade com quase 160 mil habitantes, no interior do estado de São Paulo.

A Comandante da Guarda Civil Municipal, contabiliza os números dos trabalhos realizados no ano passado e salienta que a cada ano, é intensificado. Foram 7 mil estudantes que receberam orientação sobre vários assuntos, principalmente com relação ao uso correto de materiais para a confecção e soltura de pipas. 300 apreensões de produtos cortantes e duas pessoas levadas à delegacia para prestar depoimento, já que estariam colocando a vida de um terceiro ao perigo, foram o saldo das ações da GCM no ano passado. “Tivemos um resultado excelente em 2017. Nenhuma morte relacionada ao uso de cortante foi registrada em Itapetininga. Isso nos motiva a aumentar nosso trabalho de conscientização, tanto que nesta semana, oferecemos várias atividades com crianças na sede da corporação”, disse a comandante.

Ainda de acordo com a comandante da GCM, além das linhas de pipa com cerol que são proibidas, existe também, para piorar, a linha chilena. O cerol é uma mistura de pó de vidro e cola, enquanto a linha chilena pode trazer em sua composição pó de quartzo e alumínio.

 

 

É assim que João de 12 anos brinca aos fins de semana na praça dos Três Poderes. Para ele, o brinquedo que muitas crianças nem conheceram ainda porque preferem tecnologia, foi feito por ele mesmo.

Com timidez, ele contou detalhes de como fez. “Ah, tive o maior cuidado em recortar as folhas e pregar nas varetas. Meus pais e minha professora sempre me orientaram e coloquei linha sem cerol”, disse. Durante aquela conversa que tive com o menino, descobri outra curiosidade. Ele me deu uma aula de consciência sobre energia elétrica. “Tio, você sabia que não podemos soltar pipas perto dos postes e fios onde passam energia elétrica?”. Eu, como jornalista, me surpreendi e respondi imediatamente que sim.

Questionei ao menino de onde vinha tanta consciência e perguntei: “Como você sabe sobre os perigos dessa brincadeira com postes que passam fios de alta tensão?”. João contou que há alguns anos uma cena ficou registrada na cabeça dele. “Sabe tio, alguns meninos brincavam em uma praça e um fio enroscou no poste e ele tentou pegar com um pedaço de cabo de madeira e um homem que caminhava na rua, gritou para que se ele fizesse isso, poderia morrer porque ali eram fios que abasteciam a energia da rua. O choque mata na hora. Ai, tio, fiquei com medo e até hoje, tenho o maior cuidado”, falou.

Esse cuidado tem e deve ser seguido por qualquer criança, adolescente e adulto. Assim define o Secretário Municipal de Obras e Serviços, “Trabalho numa pasta que sabemos muito bem dos perigos que podem ocorrer com a energia elétrica. Um descuido pode causar a morte. Então, orientamos e capacitamos nossos colaboradores para que usem todos os equipamentos necessários para que não ocorra nenhum acidente”, destacou.

Em 2017, Itapetininga registrou apenas um caso envolvendo criança e material cortante. Um menino de 8 anos teve um corte no pescoço por uma linha de pipa com cerol quando andava de bicicleta em uma praça. Ele foi socorrido pela Unidade de Suporte Avançado do Samu e levado ao hospital onde passou por cirurgia e se recuperou.

Além dos cuidados que envolvem uma brincadeira que pode parecer tão simples, como empinar pipa, uma outra lição de casa, não só neste período de férias escolares, é o cuidado que pais e responsáveis devem redobrar nas casas também.

Choques elétricos também preocupam especialistas. A maioria dos acidentes que envolvem energia elétrica acontecem em casa. Por isso, a primeira ação, e a mais básica, é manter as crianças longe de tomadas, fios e aparelhos elétricos. No caso de tomadas, devem ser utilizados protetores para que não sejam colocados objetos metálicos. A imaginação de uma criança pode acabar em graves acidentes e até em morte.  

O engenheiro elétrico da Secretaria de Obras e Serviços explica que equipamentos eletroeletrônicos, como videogames e computadores, devem ser ligados ou desligados da tomada por um adulto, sempre utilizando o conhecido plugue e nunca puxar diretamente o fio. “Outra questão importante é saber se a fiação elétrica está em perfeitas condições e se em algum ponto, apresentar desgaste no isolamento, o aparelho não deve ser conectado à tomada, caso contrário pode representar perigo de choque elétrico. A melhor recomendação é chamar imediatamente um profissional para que possa fazer o serviço de troca e deixar tudo de acordo com as normas de segurança”, destacou.

Mortes no Brasil

O perigo, envolvendo rede elétrica, é preocupante. Dados da Abracopel – Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade apontam números expressivos e que o ano de 2017 contou com resultados ainda tristes, mas com diminuição. Imprensa escrita, falada e televisiva não deixam de divulgar orientações e medidas preventivas para que esses dados diminuam a cada dia.  

Em janeiro do ano passado, infelizmente, foram registradas 52 mortes por acidentes envolvendo eletricidade (choque, incêndio e raio), sendo 48 por choque elétrico. Desse número, 8 foram na região Sudeste. No mesmo período, foram 75 mortes, sendo 69 por choque elétrico. A região Sudeste contabilizou 11 mortes.

Segundo a Abracopel, as causas de morte das crianças são fios partidos em ambientes internos e na área rural e o contato com cercas elétricas energizadas. Para o diretor Executivo da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade, engenheiro Edson Martinho, a atenção e os cuidados devem ser redobrados quando tratamos de um assunto tão importante. "Há uma tendência de acidentes de natureza elétrica acontecerem nesta época de férias, pois, além das crianças estarem em casa e reunidas em brincadeiras de rua como pipas, existe também as tecnologias dentro de casa, como celulares, tablets, videogames etc., que expõe os jovens e crianças aos riscos. Mas há outras situações. As improvisações em locais de festas, sítios, piscinas e tudo mais. O resultado desta composição é, infelizmente, o aumento de número de acidentes e, muitas vezes, com resultados fatais. A única forma de mudar isso é com a mudança de cultura, conscientizando toda a população", enfatizou Edson Martinho.

Missão e Visão

 

 

MISSÃO – “Promover mudança de cultura sobre a segurança com eletricidade, a partir da conscientização da população e da capacitação de profissionais”.

 

VISÃO – “Ser a referência, nacional e internacional, para a construção e o fortalecimento da cultura sobre a eletricidade segura”.

 

O que é a ABRACOPEL:

A ABRACOPEL – Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade nasceu, como nasce a maioria dos grandes empreendimentos e organizações: de uma ideia gerada pela preocupação de profissionais do setor com os inúmeros acidentes que ocorrem devido à pouca importância que se dá aos perigos da eletricidade. Assim, em 2 de fevereiro de 2005, esses profissionais se reuniram e fundaram a Abracopel, uma entidade sem nenhuma ligação com qualquer organização do setor, com a isenção necessária para torná-la confiável e merecedora da credibilidade daqueles que conhecem o problema e sabem da importância da prevenção e conscientização da população brasileira no sentido de evitá-lo.

 

 

Para conscientizar crianças e adolescentes, a Associação estimula esse público a desenvolver um pensamento de segurança no uso da eletricidade e de sua cidadania. Em parceria com empresas e entidades que buscam a conscientização para os riscos da eletricidade, realiza o Concurso Nacional de Redação e Desenho ABRACOPEL – Eletricidade com Segurança. Com esse concurso, incentiva a participação de crianças, adolescentes e professores no desenvolvimento dos conceitos de segurança no uso da eletricidade, de forma a plantar valiosas sementes de mudança de cultura para o futuro.

 

 


Cuidados a serem tomados

• Pipas devem ser empinadas longe de rede elétrica e de preferência em espaços abertos como praças, parques e campos de futebol. Isso evita interferências na qualidade do fornecimento de energia elétrica, serviço telefônicos e em antenas; 

• Por segurança, evite também soltar pipas em canteiros centrais de ruas, avenidas ou rodovias, locais onde existe fluxo de veículos;

• É necessário ter cuidado com ciclistas e motociclistas. Acidentes acontecem porque as linhas não podem ser vistas;

• Caso a pipa enrosque nos cabos elétricos, é melhor desistir do brinquedo. Subir em postes para recuperá-las representa risco de choque, assim como tentar removê-las utilizando madeiras, canos ou bambus;

• A utilização de “rabiolas” deve ser evitada, pois elas agarram nos fios elétricos, desligando o sistema e provocando choques;

• Utilizar papel alumínio na confecção da pipa é perigoso, pois este material é condutor e em contato com a rede elétrica, provoca curtos-circuitos;

• Não é indicado soltar pipas na chuva. Ela funciona como para-raios, conduzindo energia;

• Não é indicado subir nas lajes das casas para empinar pipa, qualquer distração pode causar uma queda;

• Linhas metálicas não devem ser usadas no lugar da linha comum, pois podem provocar choques elétricos.

 

Fonte: CPFL Energia

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