Doações de sangue no Posto de Coleta de Itapetininga têm queda e cadastro para novos doadores segue aberto
“Eu não estaria aqui, contando minha história, se alguém, em um ato do mais absoluto amor, não tivesse feito a doação de sangue”.
A frase, extraída do relato do itapetiningano Clóvis Corrêa Cardoso, autônomo de 56 anos, resume a importância da doação de sangue para a vida de pacientes que, assim como ele, enfrentaram problemas de saúde que o levaram a uma mesa de cirurgia.
Dezembro de 2018. Após ser diagnosticado com um Aneurisma de Aorta, uma dilatação anormal e irreversível que excede o diâmetro da principal e maior artéria do corpo e que, quando rompida, é fatal, Clóvis foi submetido a uma cirurgia no Hospital Regional “Dr. Adib Domingos Jatene”, em Sorocaba, para colocação de uma prótese no coração.
A princípio, o procedimento delicado e de alta complexidade, teria uma duração média estimada pela equipe médica em cinco horas. Porém, devido a uma grave hemorragia interna, a intervenção cirúrgica se prolongou por aproximadamente 10 horas.
Contido o sangramento, ainda na mesa de cirurgia, Clóvis receberia sua primeira bolsa de sangue. Começava ali, o que ele mesmo define como “milagre”.
“Para conter a hemorragia, os médicos realizaram uma manobra de emergência. Colocaram compressas dentro do meu peito e fecharam [o corte]. Eu estava sedado, com anestesia geral, mas depois minha esposa me contou tudo o que aconteceu. Na sala de cirurgia mesmo já fizeram uma transfusão em mim. Isso, juntamente com todos os cuidados da equipe médica, foi o que salvou minha vida. Foi um milagre”, conta muito emocionado agradecendo a Deus, enfermeiros, familiares e amigos que acompanharam sua trajetória de cura.
Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Clóvis recebeu, além de outras quatro bolsas de sangue, plasma, extraído do sangue e responsável por pelo transporte de nutrientes e remoção de substâncias tóxicas do corpo, além de auxiliar na coagulação do sangue em sangramento graves e defesa do organismo.
“Eu não tenho a menor ideia de quem tenha sido a pessoa que fez a doação, mas agradeço, com toda a força do meu coração, pelo gesto de generosidade. Doar sangue salva vidas e eu sou a prova viva de que isso é a mais pura verdade”, comentou o autônomo que completa, em dezembro, seis anos de seu procedimento.
O desfecho da história do Clóvis poderia ter sido tragicamente diferente se o doador (ou doadores), na ocasião, fizesse parte da estatística que aponta para a queda no número de bolsas de sangue coletadas durante o fim de ano e período de férias.
Segundo dados do Ministério da Saúde, apenas 14 em cada mil brasileiros doam sangue de forma regular nos hemocentros do SUS, ou seja, apenas 1,4% têm o costume de doar sangue. O número está abaixo dos 2% ideais definidos pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e, durante as comemorações de final de ano e férias, chama ainda mais a atenção.
Queda nas doações em Itapetininga
“Temos percebido uma queda nas doações desde o mês de setembro, possivelmente por conta de alguns períodos de frio, mas historicamente, nos meses de dezembro, janeiro, fevereiro e julho, a coleta cai ainda mais. Isso porque as pessoas estão concentradas nos preparativos das festas de final de ano, viajando, se preparando para as férias e, nessa correria, deixam de fazer sua doação”, explica Ana Carolina Lima Carvalho de Campos, coordenadora do Posto Municipal de Coleta de Sangue, em Itapetininga.
Os números em Itapetininga confirmam a preocupação da coordenadora do serviço e a queda gradativa nas doações.
Em agosto, o Posto Municipal de Coleta recebeu 272 bolsas de sangue, com uma média de 19,4 coletas ao dia. Já em setembro, foram 219 doações, com média diária de 18,2 bolsas de sangue, uma queda de 20% nas coletas. Se as previsões se confirmarem, outubro deve seguir com redução nas doações. Até o dia 18, o mês registrava 181 bolsas coletadas, com média de 18,1 doações ao dia.
É importante destacar que, de acordo com a logística do serviço, as coletas de bolsas de sangue no posto municipal são realizadas três vezes por semana, às terças, quartas e sextas, das 07h às 12h.
Os baixos estoques de sangue podem trazer muitas complicações, seja para abastecer os hospitais, na hora de socorrer uma emergência, para pessoas com necessidade de receber doações regularmente devido a alguma condição de saúde, ou durante emergências em intervenções cirúrgicas, como foi o caso do Clóvis.
Felizmente, contrastando com essa realidade, pessoas como o jornalista Fábio Arruda Miranda, de 50 anos, fogem à estatística e permanecem fazendo sua doação de sangue, inclusive nos últimos meses do ano.
Doador regular, Fábio foi a primeira pessoa a fazer sua doação no Posto Municipal de Coleta de Sangue “Dr. João Batista de Souza Camargo”, inaugurado em abril deste ano em Itapetininga.
Obedecendo ao intervalo após a doação, Arruda se prepara, agora, para renovar seu compromisso com o próximo e realizar sua nova doação de sangue.
"O fantástico em uma doação de sangue é saber que pode ajudar até quatro vidas, sem sequer imaginar onde e a quem se está ajudando", comenta o jornalista que vê a doação como um ato de altruísmo e de solidariedade.
Seja um doador de sangue e compartilhe vida!
O Posto Municipal de Coleta de Sangue “Dr. João Batista de Camargo”, em Itapetininga, está cadastrando novos doadores para fazerem parte dessa enorme corrente do bem. Além de doações individuais, grupos organizados também podem fazer seu agendamento para as doações.
Para se cadastrar os interessados devem comparecer pessoalmente à rua Dr. Jorge Ozi, 692, no centro, munidos dos documentos pessoais e carteira de doador (caso já doador de sangue). O atendimento será realizado de segunda a sexta, das 7h às 17h.
Mais informações:(15) 3273-5072 / (15) 99673-3676
E-mail:doesangue@itapetininga.sp.gov.br
Quero doar! O que preciso saber?
- Ter entre 16 a 69 anos, sendo que a primeira doação deverá ocorrer antes dos 60 anos (se menor, vir acompanhado do responsável legal, ambos com documento oficial com foto);
- Pesar mais de 50kg;
- Estar em boas condições de saúde;
- Estar alimentado e evitar alimentos gordurosos antes da coleta;
- Não ter ingerido bebida alcóolica nas 12 horas que antecedem a doação;
- Ter dormido, no mínimo, 6 horas na noite anterior.
Confira no link abaixo todas as orientações e critérios para ser um doador de sangue:
https://www.itapetininga.sp.gov.br/noticia/7878/seja-um-doador-de-sangue-e-compartilhe-vida/
SERVIÇO:
Posto Municipal de Coleta de Sangue “Dr. João Batista de Souza Camargo”
Endereço:Rua Jorge Ozi, 692 – centro
Mais informações:(15) 3273-5072 / (15) 99673-3676
E-mail:doesangue@itapetininga.sp.gov.br
HORÁRIOS DE FUNCIONAMENTO:
Cadastramento de doadores
De segunda a sexta - das 07h às 17h
Coleta de Bolsas
Às terças, quartas e sextas – das 07h às 12h
Fábio Arruda Miranda foi o 1º doador de sangue do Posto de Coleta
Clóvis Cardoso, já na UTI, no pós-cirúrgico em 2018, após receber transfusões de sangue - acervo pessoal
Clóvis Cardoso em 2024 - acervo pessoal
ITAPETININGA