Superação

 

Um aposentado de 62 anos, que prefere não se identificar, é um exemplo de superação. Nascido em um sítio da região, ele cresceu e casou-se no mesmo bairro. Pai de três filhos, nunca deixou de trabalhar como técnico agrícola e eletrotécnico. Aquele dia, 14 de fevereiro de 1996, às 7h30, jamais será esquecido. Não mediu esforços para ajudar a população do bairro.

"Neste dia fui solicitado para fazer reparos em uma rede secundária, bifásica rural com cabos de alumínio.

O defeito era em uma das fases do poste padrão, mais ou menos a 5 metros do transformador. O defeito ali não deixava funcionar a máquina de cortar grama, pois era em 220V.

Este foi meu grande erro. Quando estava a mais ou menos 4 metros da escada, pedi ao zelador da igreja que desligasse os disjuntores de 40 amperes. Ele então confirmou que havia desligado, porém o que eu não sabia é que ele havia desligado apenas 1 dos 2 disjuntores que lá estavam. Sem luvas, apertei o cinto (uma corda de nylon) e também os conectores da 1ª e da 2ª fase. Mas me descuidei e segurei na fase 2 e no neutro e fiquei grudado. Consegui soltar alguns gritos fortes e fui perdendo a força, caí em cima do cabo neutro e ele encostou no cabo fase. O circuito fechou e desarmou o disjuntor. Isso durou uns 3 minutos, assim contam as testemunhas ali presentes. Essa data é realmente inesquecível", relatou o trabalhador, emocionado.

Ele foi levado, desmaiado, ao hospital onde passou por cirurgia.

Foram dias e dias até se recuperar e posteriormente, começaram as sessões de fisioterapia. Muitos meses se passaram e os movimentos voltaram ao normal, graças a fé.  Apesar da gravidade, a sequela foi pequena. A mão ficou um pouco menor com algumas cicatrizes. Como lição de vida, ele relembra com emoção daquele momento e deixa o recado: “Poderia ter sofrido sequelas piores e até perdido a vida, mas naquela hora, pensei nos meus filhos, na minha mulher e na minha vida. Tive força e fé, muita fé”, conta.

Daquele dia em diante, este senhor de mãos calejadas de tanto trabalho e sofrimento, nunca mais deixou de estar atento aos cuidados com a energia. “Nem trocar lâmpada ou resistência de chuveiro, deixo meus filhos trocarem sem antes verificar se está tudo desligado. Eles também usam os equipamentos de segurança necessários”, conclui. 

Choques elétricos, incêndios causados por curtos circuitos e descargas atmosféricas causaram 662 mortes, em todo o país, no ano passado. Desse número, 599 foram choques elétricos. Ao todo, foram 1.315 ocorrências de acordo com a Abracopel - Associação Brasileira de Conscientização sobre os Perigos da Eletricidade.

O Nordeste lidera a estatística de mortes por choques elétricos. 40%. Em seguida, segundo a pesquisa realizada pela Abracopel, aparece o Sudeste com 19%, depois o Sul com 18%, Centro-Oeste com 10% e o Norte com 7%.

“O Nordeste aparece com índice maior de acidentes, mas entendo que como há um crescimento muito grande da região nos últimos anos, há também um maior acesso à equipamentos eletroeletrônicos, mas as pessoas ainda continuam desconhecendo os riscos da eletricidade, por este motivo não se preocupam em reformar ou mesmo avaliar a situação da instalação elétrica e, por isso, acabam sendo vítimas. É necessário trabalhar a consciência das pessoas para que elas avaliem os riscos e se protejam”, salienta o engenheiro eletricista Edson Martinho, que também é fundador e atual diretor executivo da Abracopel.

Ele complementa, “Estamos trabalhando a conscientização do Nordeste, mas não podemos esquecer das outras regiões, pois sabemos que conscientização deve ser constante e sempre alimentada. As crianças são a base de tudo e por este motivo um dos projetos mais importantes da Abracopel é o Concurso de Redação e Desenho, pois uma vez conscientizada uma criança, ela se encarrega de ampliar esta informação na sua casa e até mesmo na sua comunidade. A criança e o adolescente são os maiores e melhores agentes multiplicadores para as boas práticas em segurança. Por isso, este projeto é tão importante e precisa ser abraçado por todos: sociedade, autoridades, profissionais de mídia e empresas”, finaliza Edson Martinho.

 

Em Itapetininga, de acordo com a Guarda Civil Municipal, nenhuma morte foi registrada no ano passado, referente a curto circuito. O que ocorre na cidade são ocorrências de casas incendiadas. Uma média de 7 ao ano. Segundo a Comandante da GCM, as situações mais comuns envolvem fiação elétrica antiga, utilização da mesma tomada para vários aparelhos e principalmente, a utilização de velas para iluminação de ambientes. “As pessoas acendem as velas, dormem e consequentemente, começa o fogo nos mobiliários. As famílias chegam a perder tudo. É preciso atenção”, ressalta.

Em casa, no trabalho, nas escolas ou nas ruas, os cuidados com a eletricidade devem ser redobrados. Por isso, é essencial o trabalho de verificação e manutenção para evitar que acidentes ocorram.

Escolas

O trabalho de conscientização já começa desde cedo. Nas 83 unidades de ensino municipal, toda a fiação e equipamentos como os ventiladores, que envolvem fios elétricos, é revista quinzenalmente por uma equipe de funcionários, que fica atenta a qualquer risco. “Dentro e fora da sala de aula, cuidamos de vida, vida do aluno e vida de todos os que fazem parte do nosso dia a dia. Isso serve de exemplo, para que em casa, façamos o mesmo”, define a Secretária da Educação. 

Ainda de acordo com a Secretária, orientações são passadas em sala de aula. Os professores estão capacitados para passar qualquer tipo de informação. “Temos a preocupação em falar da importância para os alunos, que são agentes multiplicadores, sobre os cuidados com os fios desencapados, que nunca devem mexer em tomadas e sim, chamar um profissional, não ligar vários aparelhos ao mesmo tempo em uma mesma tomada, assim evita sobrecarga e curto circuito na fiação, além de outras orientações. Tudo para evitar qualquer tipo de acidente”, diz.

Segundo especialistas, antes de fazer consertos e reformas, é necessário desligar a chave geral. As crianças devem ser orientadas a não colocar objetos como garfos e colheres dentro de equipamentos elétricos, como o liquidificador. Ao passar roupa, o adulto deve também manter as crianças longe, para que numa eventual situação, o aparelho não machuque quem estiver por perto.

Meio Ambiente

Outra preocupação é com a rede de energia que passa pelas calçadas e ruas. Nesta época do ano, onde o índice de pedidos de corte e poda de árvore aumenta por causa das chuvas, a Secretaria do Meio Ambiente já registrou nos três primeiros meses de 2017, 66 cortes e 211 podas. De acordo com o secretário da pasta, o serviço só é feito depois que todo o local passa por vistoria. Esses trabalhos só podem ser realizados por profissionais devidamente capacitados, que dominem técnicas apropriadas para realizar tais intervenções, normalmente autorizado pela prefeitura.

“A realização inadequada de corte ou poda em árvores próximas à rede elétrica pode, sim, oferecer risco a vida de qualquer pessoa. Caso alguma pessoa identifique riscos de choque elétrico, pedimos que entre em contato pelo telefone 156 da prefeitura para que possamos analisar e providenciar o serviço o mais rapidamente possível e evitar algum possível acidente”, salienta o secretário. Sempre, nos casos de podas ou cortes, a concessionária de energia do município é acionada para que faça o desligamento temporário da energia para a execução do serviço.

Obras

No caso da Secretaria de Obras e Serviços, a situação é semelhante. Em toda e qualquer intervenção que seja feita para algum reparo, a concessionária é imediatamente chamada.

“Trabalhamos com segurança seja em construções de pequeno, médio ou grande porte. Destacamos a importância, sempre, dos equipamentos de proteção individual (EPIs) e atuamos com as normas estabelecidas pelo Ministério do Trabalho para garantir a segurança do trabalhador”, fala o Secretário da pasta.

Algumas dicas
- Ao plantar uma árvore, não esqueça de deixar uma distância de pelo menos 1,20m da rede elétrica. 
- Redobre o cuidado ao subir em árvores ou utilizar varas e barras metálicas para tentar colher frutos. A rede elétrica pode passar perto dos galhos e provocar acidente.
- Não tente podar árvores próximas à rede elétrica, pois os galhos podem tocar os fios e energizar a árvore.
- Ao encontrar um fio elétrico solto ou partido na rua, não se aproxime e não deixe outras pessoas se aproximarem, pois pode estar energizado.
- No caso de construção ou reforma na casa, redobre a atenção nos andares superiores, pois ficam próximos da rede de alta tensão.
- Ter cuidado para não tocar nos fios da rede elétrica ao manusear vergalhões, arames, réguas e outros materiais metálicos.
- Pipas só devem ser soltas em espaços onde não tenha fios da rede elétrica, como parques, praias e campo de futebol.
- Jamais use varas de bambu ou madeira para levantar cabos quando algum carro ou equipamentos estiverem sendo transportados.
- Muito cuidado com queimadas perto de linhas. São proibidas. O fogo ou mesmo o excesso de calor estragam os cabos e as estruturas e causam curto circuito, interrompendo o fornecimento de energia.
- Se estiver com as mãos, os pés ou as roupas molhadas, nunca toque em instalações elétricas ou aparelhos.
- Uma dica importante. Só mude a chave que indica verão ou inverno do chuveiro, com o aparelho.
- Ao trocar uma lâmpada, não toque na parte metálica. A indicação é desligar a chave geral.